A Ironia de Cada Dia

Texto publicado originalmente no jornal Cidades Hoje de março de 2012

Por Gil DePaula

 

Era uma vez, em um planeta distante, um país chamado Lisarb. Sua paisagem era composta por linda flora e belíssimas praias, sua fauna era vistosa e variada, o seu povo trazia a força e a beleza produzida por anos de miscigenação entre várias etnias, e seus habitantes, os lisabreiros, era considerado o povo mais alegre do planeta.

Algumas de suas festas chegavam há durar quatro dias, como o lavanarc, que era a mais popular, levando milhões de pessoas a dançarem fantasiadas ou não, em suas ruas, clubes, boates, etc., e era raro um mês em que não ocorria um feriado. Os lisabreiros adoravam esportes, e o que mais gostavam e praticavam era o lisabol. Um jogo engraçado, onde dois times se enfrentavam com a missão de colocar uma bola entre dois postes.

O lisabol despertava na população tal interesse que se criou por detrás dele uma verdadeira indústria com a capacidade de gerar receitas fabulosas. Havia também uma confederação que tinha a missão de organizar tudo ligado a esse esporte. Seus campeonatos, seus direitos de transmissão, sua seleção e os jogos dela em amistosos ou copas.

Agora, o mais interessante, é que enquanto o presidente do Lisarb só poderia governar por no máximo oito anos, o presidente desta confederação já estava no comando há 23 anos. Evidentemente quando se fica tanto tempo no poder, coisas boas não resultam disto, e foi exatamente o que aconteceu: durante anos as denúncias de corrupção se acumularam, o patrimônio do dirigente se multiplicou várias vezes tornando-o um homem extremamente rico, e até sua filha de onze anos já possui em conta corrente a bagatela de mais de três milhões de reais.

A confederação que até 1996 (ano em Lisarb) dava lucro, a partir de um contrato de 160 milhões com uma empresa esportiva, passou a dar prejuízo.

Por outro lado, no Lisarb, temos professores com salários equivalentes a trinta mil reais, policiais com vinte e cinco mil, bombeiros idem, médicos com trinta e cinco mil, e os parlamentares recebem apenas o equivalente a um mil e quinhentos reais. Afinal de contas professores ensinam, policiais arriscam a vida, bombeiros e médicos salvam. E os parlamentares…?

 Mas lembrem-se: esse país pertence ao mundo do “Era uma vez…”

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