Lembranças

(texto publicado originalmente em 2019)

Por Gil DePaula

Infância Lembranças

Eu e meus irmãos crescemos em Taguatinga, cidade-satélite do Distrito Federal. Íamos para a escola a pé, as vezes acompanhado por alguns amigos, geralmente conversando e brincando.

Apesar de relativamente pobres, não tínhamos bolsa família e nem vale qualquer coisa. Não tínhamos internet, muito menos celular.

As pesquisas da escola eram realizadas em bibliotecas (usávamos a Enciclopédia Barsa, dicionário, livros e até os nossos pais, se eles conhecessem alguma coisa sobre o assunto).

Os trabalhos escolares tinham que ser escritos à mão (se fosse copiado igual ao livro, tínhamos que refazer o trabalho).

Na escola tinha o Pantera, o Gordo, o Florzinha, o Manga Rosa, o Pelezinho, o 4olho, a Branquela, o Neguinho, o Canela Fina, o Baixinho, o Narigudo, o Cabeção, o Ferrugem, e por aí ia. Todo mundo zoava todo mundo e, às vezes, o pau comia. Mas logo estava tudo resolvido e seguia a amizade… era brincadeira e ninguém se queixava de Bullying. Existia o valentão, mas também existia quem defendesse.

As férias começavam 1° de dezembro e retornávamos somente 1° de março. E havia as férias de 1° a 31 de julho.

Toda a semana, antes de iniciarem as aulas, cantávamos o hino nacional com a mão no peito e com orgulho. Cantávamos também o hino da independência e hino a bandeira. Tinha o desfile de 7 de setembro (eu sempre errava os passos).

Eu tomava muito “Ki Suko” (um saquinho com um pó misterioso), que com $ 0,10 centavos comprávamos e gostava muito. Dava para fazer 2 litros e deixava a língua colorida (também fazíamos picolé). O chiclete da moda, era o “Ping-Pong”, o pirulito era de água com açúcar e a bala grudava no céu da boca.

Ser rechonchudo era sinal de saúde. Se fôssemos magros, tínhamos que tomar o Emulsão Scott (eca) e o Biotônico Fontoura.

O “peraí mãe”, era para ficar mais tempo brincando na rua, e as vezes rendia um puxão de orelha.

Colecionávamos bolinha de gude e figurinhas, nas quais batíamos, sem pensar em nunca bater em um professor (podíamos até levarmos alguns puxões de orelhas dadas por eles).

Jogávamos queimada, vôlei, futebol e bete na rua. Pulávamos corda e andávamos de bicicleta. Todos brincavam juntos e como era legal. Legal não! Era maravilhoso! Nossa maior contravenção, era apertar a campainha do vizinho e sair correndo.

Assistíamos ao Zorro, aos Os Três Patetas, Tom e Jerry, Jeannie é um Gênio, a Feiticeira, Batman e Robin, O Túnel do Tempo, Bonanza, Nacional Kid. Ultraman, etc., (que saudade doida).

Ah! E a chuva trazia o cheiro de terra molhada.

Neste mundo de hoje, eu não conseguiria ser tão feliz, onde tudo se torna bullying ou preconceito (mas o danado do preconceito sempre existiu).

Nossos pais eram presentes, principalmente as mães. A educação começava em casa (“menino respeite os mais velhos e não se meta nas conversas”).

E mais, eu tinha que chegar em casa, o mais tardar, às 10h da noite e levantar para os mais velhos sentarem.

Agora, me pergunto, quando foi que tudo mudou e os valores se perderam, invertendo-se dessa forma? Será que dá tempo de resgatarmos esses valores?

Querido amigo, o que você acha?

 

* (este texto tem sido copiado, modificado e publicado na internet, sem me dá os devidos créditos. Podem copiar, mas acrescentem que o autor é Gil DePaula)

 

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