Platão, O Mito da Caverna e a Política

Por Gil DePaula

Platao-O-Mito-da-Caverna-e-a-Politica Platão, O Mito da Caverna e a Política

Platão: O conhecimento é o elemento primordial de um bom governante.

Em sua obra mais complexa: A República, Platão narra uma história metafórica chamada de Mito da Caverna ou Alegoria da Caverna. O diálogo travado entre Sócrates, personagem principal, e o outro personagem chamado Glauco, destina-se a apresentar ao leitor a teoria platônica sobre o conhecimento da verdade e a necessidade de que os governantes tenham acesso a esse conhecimento.

O Que é o Mito da Caverna

O Que é o Mito da Caverna

No texto, Sócrates fala para Glauco imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância de pernas e pescoço acorrentados, de modo que, não podem mexer-se e nem ver, senão, o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça.

A luz, chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles. Entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente e, ao longo dessa estrada, está construído um pequeno muro. Homens passam diante da fogueira, fazem gestos e passam objetos, formando sombras que, de maneira distorcida, são todo o conhecimento que os prisioneiros têm do mundo. Aquela parede da caverna, aquelas sombras e os ecos dos sons, que as pessoas que eles não viam produziam, era o mundo conhecido e restrito dos prisioneiros.

Repentinamente, um dos prisioneiros é libertado. Andando pela caverna, ele percebe que havia pessoas e uma fogueira projetando as sombras que ele julgava ser o único mundo existente. Ao sair da caverna, ele tem um susto ao ver o mundo exterior. A luz solar ofusca a sua visão e ele sente-se confuso, desamparado e perdido.

Aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz, e ele começa a perceber a infinidade do mundo e da natureza que existe fora da caverna. Ele percebe que aquelas sombras, que ele julgava ser a realidade, na verdade, são projeções imperfeitas de uma pequena parcela da realidade. Ele percebe o quanto aquele que era o seu mundo, se tratava de uma utopia sofrível. O quanto ele carece de conhecimento diante daquela vastidão, que apresentava-se diante de seus olhos.

Ele, agora liberto, pode tomar duas atitudes: retornar para a caverna e contar para os seus companheiros o que descobriu, ou partir para a nova vida de liberdade. Uma possível consequência da primeira possibilidade seria a incredulidade, que sofreria de seus companheiros, que o julgariam como louco, mas, talvez, fosse a atitude correta a ser tomada.

Platão está ensinando, didaticamente, a evolução do conhecimento por meio dessa alegoria. Ele mostra que existe um modo de conhecer e aprender e sair da “caixinha”, agindo com sabedoria e justiça, o que seria, na política, onde um governante deveria se situar.

A República

A República

Composto por dez livros, A República fala sobre as várias formas de governo e política para chegar ao modelo político ideal, segundo Platão. Para chegar à formulação de sua teoria, o filósofo passou por elementos característicos da vida humana, como a estética, a arte e o conhecimento humano (que é discutido no livro VII, o mesmo livro em que se encontra a Alegoria da Caverna).

O diálogo entre Sócrates e Glauco, busca estabelecer, teoricamente, um governo perfeito. O conhecimento é, para Platão, o elemento primordial de um bom governante

Conclusões

Conclusões

Os Objetivos do Mito da Caverna podem ser interpretados da seguinte forma:

  • A caverna é o nosso corpo e os nossos sentidos, fonte de um conhecimento que, segundo Platão, é errôneo e enganoso.
  • Os prisioneiros da caverna somos nós mesmos, que vivemos em nosso mundo limitado, presos em nossas crenças costumeiras, sem nos arriscarmos a ir além do establishment.
  • As sombras na parede e os ecos na caverna nunca são projetados exatamente do modo como os objetos que os ocasionam são. As sombras são imagens distorcidas, e os ecos são distorções sonoras. Esses elementos simbolizam as opiniões erradas e o conhecimento preconceituoso do senso comum que julgamos ser verdadeiro.
  • Sair da caverna (sair da “caixinha”) significa buscar o conhecimento verdadeiro.
  • A luz solar, que ofusca a visão do prisioneiro liberto e o coloca em uma situação de desconforto, é o conhecimento verdadeiro, a razão e a filosofia.

O Mito da Caverna nos Dias de Hoje

O Mito da Caverna nos Dias de Hoje

Podemos dizer, que nos dias de hoje, apesar de todo o conhecimento acumulado e a grande circulação de informações, continuamos vivendo como prisioneiro da caverna, pois as pessoas têm preguiça de pensar. A preguiça é um elemento comum nas sociedades, estimulada pela facilidade que as tecnologias proporcionam. A preguiça intelectual tem sido, talvez, a mais forte característica de nosso tempo. O duvidar, o questionamento, a não aceitação das afirmações sem pesá-las são hoje ignorados.

Livros de Gil DePaula -- www.clubedeautores.com.br

Livros de Gil DePaula -- www.clubedeautores.com.br

 

2 Comentários

  1. Antonio Carlos Dos Santos

    Boa tarde!
    Essa texto me.leva a uma reflexão de que a aprendizagem é continua, me faz lembrar de quando ingressei na Universidade e na primeira aula o Professor me falou que os meus conhecimentos se tornariam universais, mas naquele momento eu não conseguir entender suas palavras, e com o passar do tempo pude perceber a tamanha importância do ensino superior na vida de um educando. O conhecimento é tudo!

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios *

*

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: