“Sou do Contra” (texto publicado originalmente em 02/2013)

Por Gil DePaula

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Descobri que possuo um grande defeito: decisivamente “sou do contra”. Sou contra a miséria, sou contra a corrupção, sou contra as doenças, sou contra a falta de educação (ou ausência dela), sou contra a falta de bom senso, sou contra o aborto, sou contra as discriminações, etc. e tal. Porém, sou contra principalmente a minha pouca capacidade de assumir que sou do contra, ao meu calar perante situações que me indignam, e, portanto, faço agora “mea-culpa”, e sei que alguns serão “do contra”.

Outro dia, na televisão, o repórter, graciosa e enfaticamente anunciava: “jogador brasileiro de futebol (?) doa 100 mil dólares às crianças africanas”, e eu fui a favor, afinal de contas o dinheiro pertence a ele. Entretanto, dois minutos depois já era “do contra”, pois eu, no meu patriotismo tupiniquim pensei: porque esse filho da mãe não fez a doação para as crianças brasileiras, afinal tantas aqui passam por situações deploráveis, e esse dinheirinho com certeza as ajudaria.

Descobri também que às vezes sou contra os amigos, visto que, tenho um que é radicalmente contra os homossexuais, e quando lhe pergunto o porquê, ele responde; sou contra. Então fico contra ele por ele não saber (ou não querer dizer) porque é contra.

No futebol, já começo sendo contra o adversário (muito normal), sou contra quem erra o passe, contra quem não passa a bola, e sou contra o juiz e às vezes a favor. Afinal no futebol tudo é paixão.

Sou contra o marido que em casa trata mal à esposa e aos filhos, e na rua trata bem a todos (mas sou a favor que ele trate bem a todos).

Sou contra aqueles que não dão bom dia, sou contra aqueles que não sorriem, sou contra quem só se lamenta, e sou contra aqueles que não têm uma palavra para aquele que se lamenta.

Sou contra as pessoas que abandonam os filhos, os pais, os irmãos, os amigos. Afinal sempre acabamos por necessitar de braços que nos acalentem.

Sou contra aqueles que humilham e ignoram os mais humildes, seja o guarda do banco, o gari ou o mendigo.

Sou contra quem se apropria da propriedade alheia, mas, principalmente sou contra quem tira a vida, seja a de um idoso ou de um feto. Afinal, Deus – até onde eu sei – não deu autorização a ninguém para cometer crimes.

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